Jornal RODA #5 - O que já sabemos do Goodwood Festival of Speed
Design - Cultura - Motor - Vintage - Inspiração
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Goodwood é o maior banquete automotivo do mundo
Carros de corrida clássicos na edição de 30 anos de Goodwood (Foto: divulgação)
Um entusiasta de carros clássicos tem algumas experiências obrigatórias para inscrever no currículo. Museus como Autoworld, The Petersen Museum, Mullin Museum e Cité de l’automobile – além dos acervos das fabricantes – são recomendações infalíveis. Mas nada se assemelha ao Goodwood Festival of Speed, que nesta 31ª edição vai de quinta-feira (11) a domingo (14).
Na essência, trata-se de uma reunião de apaixonados por automobilismo que nasceu em 19 de junho de 1993, quando Charles Gordon-Lennox, 11º Duque de Richmond, ressuscitou um circuito desativado que fora criado em 1948 praticamente no quintal de sua prioridade, em West Sussex, na Inglaterra. A atração principal é justamente assistir a lendas do automobilismo acelerando no sinuoso trecho de 1,86 km de extensão.
“Nada marca mais a chegada do verão britânico do que o Festival de Velocidade de Goodwood”, define a Porsche, apoiadora do evento desde 1995.
É o tipo de evento que você vê a poucos metros Emerson Fittipaldi guiar sua Lotus de 1972, Riccardo Patrese desfilar com a Benetton-Ford B193 de Michael Schumacher, Rubens Barrichello reviver os tempos da Brawn GP ou Sebastian Vettel fazer “zerinhos” com o Williams FW14B pilotado por Nigel Mansell na temporada de 1992 da Fórmula 1. Vedete em outras edições, o McLaren MP4/6 que levou Ayrton Senna ao título de 1991 retornará ao evento, agora com seu sobrinho Bruno ao volante.
Clássicos da Porsche se preparam para a subida da colina na última edição (Foto: divulgação)
Por falar em McLaren, 2024 marca o 50º aniversário dos primeiros títulos da marca no Campeonato Mundial de Fórmula 1, de pilotos e construtores em 1974, com Emerson Fittipaldi e o McLaren M23. Ambos estarão em Goodwood.
Ao comemorar 130 anos do esporte a motor, a Mercedes promete invadir Goodwood com algumas preciosidades, como o vencedor da Targa Florio de 1924, o W 196 R da temporada de 1955 da Fórmula 1, o C 11 do Grupo C (1990), o CLK LM 1998 e um SLS AMG GT3 de 2012.
Goodwood também é palco de alguns lançamentos. A Aston Martin apresentará o Valiant, um dos 38 modelos especiais da marca que, criado após uma consultoria do bicampeão mundial de Fórmula 1 Fernando Alonso – que dirigirá o novo carro na sexta-feira (12). De quebra, o modelo terá pintura inspirada no Muncher, um dos lendários bólidos da marca a disputar as 24 Horas de Le Mans. O único Aston Martin Victor produzido, o DB12 e o novo DBX707 também marcarão presença.
Aston Martin Valiant contou com ajuste de Fernando Alonso (Foto: divulgação)
Aqueles que visitarem o estande da BMW serão os primeiros no mundo a ver pessoalmente os novos M5 e X3. Para a subida da colina, a marca escalou o M Hybrid V8, que disputa o World Endurance Championship, além de alguns clássicos de corrida, como o V12 LMR.
Já a Ferrari anunciou que seis modelos farão sua estreia britânica no evento – Roma Spider, 812 Competizione A, SF90 XX Spider, SP-8, 499P Modificata e 296 Challenge –, enquanto a Audi levará carros e pilotos que a representaram nas 24 Horas de Le Mans e no campeonato mundial de rali.
Federação internacional de clássicos elege segundo brasileiro para Hall da Fama
Família Pozzoli recebe troféu Heritage Hall of Fame, em 2021; Suga (a esq.) seria o próximo brasileiro (Foto: Divulgação)
A Fédération Internationale des Véhicules Anciens (FIVA) anunciou na última semana que Roberto Suga passa a integrar o Heritage Hall of Fame. Conselheiro e ex-presidente da Federação Brasileira de Veículos Antigos (FBVA), Suga é o segundo brasileiro a integrar o gupo depois de Og Pozzoli (1930 – 2017), consagrado em 2021, primeiro ano da premiação.
Segundo a entidade, o júri foi composto por oito antigomobilistas de diferentes cantos do mundo, como o atual presidente da FIVA, Tiddo Bresters (Holanda), e seu antecessor, Patrick Rollet – além de ninguém menos que Nick Mason, ex-baterista do Pink Floyd e um dos protagonistas do antigomobilismo internacional.
"Roberto Suga é ex-presidente da Federação Brasileira de Veículos Antigos (FBVA), conhecido por defender colecionadores independente de seu poder aquisitivo. Ele fez muito para quebrar o estigma de que a atividade de preservação de veículos antigos é algo para as classes mais ricas", disse a entidade.
Suga e Pozzoli dividem o exclusivo espaço do Heritage Hall of Fame da Fiva com personagens essenciais da história do automóvel, como Bob Lutz, Michèle Mouton, Nuccio Bertone, Walter Röhrl, Battista Pininfarina, Soichiro Honda e Giorgetto Giugiaro, entre outros.
Entrevista: Roberto Suga
(Foto: divulgação)
Nascido no bairro da Aclimação, em São Paulo, Roberto Suga se encantou pelos clássicos vendo um vizinho passar em frente à sua casa com diversos modelos americanos dos anos 60 e 70. Um dia o abordou e ali começou uma amizade, que o apresentou às principais lojas de antigos e ao clube de jovens colecionadores, criado por João Carlos Pozzoli. Nunca imaginou que um dia seria presidente da Federação Brasileira de Veículos Antigos (FBVA) e membro do FIVA Heritage Hall of Fame.
Qual foi seu primeiro carro de coleção?
Ainda estudante, ingressando na universidade, meu pai comprou um Pontiac Firebird 1974 Formula 400, que temos até hoje. Talvez esse tenha sido o impulso para começarmos a frequentar o universo dos carros antigos.
Qual carro você sonha em acrescentar à sua coleção?
Nunca tivemos carros pré-Guerra, mas depois de frequentar tantos eventos você começa a dar muito valor àquilo que é feito de forma artesanal, carros construídos realmente para durar, ter performance e robustez. Não penso especificamente em uma marca, mas penso em ter algum modelo anterior a 1945.
Qual o momento mais emocionante que você já experimentou na sua carreira de antigomobilista?
Difícil escolher um, porque desde o início dos anos 80 foram muitos. Participei do primeiro Encontro Paulista de Autos Antigos, organizado pela Edenise Carratu e seu marido Nilson, em Águas de São Pedro, e ali, com um Cadillac Fleetwood 1974 azul, fui premiado, com meus pais presentes. Aquilo foi muito emocionante. A partir dali fui para o Clube do Chevrolet, entidade que me levou a conhecer o Brasil inteiro através das caravanas de carros antigos. Isso impulsionou minhas relações com tantos amigos no antigomobilismo e algumas conquistas, como a Resolução 56, publicada em maio de 1998. Também não posso deixar de mencionar a emoção de ter compartilhado vários eventos com meus pais, em várias partes do Brasil. Com minha mãe, dona Edith Suga, ainda mais atuante, fizemos um rali na China com um Cadillac 1961 conversível, cedido por colecionadores locais.
Apenas dois brasileiros integram o Hall da Fama da FIVA, Og Pozzoli e você. Qual a sensação de fazer parte deste seleto grupo?
Não se trata só de uma emoção pessoal. É um orgulho para o Brasil. É a consequência do movimento de preservação dos colecionadores e da representatividade da FBVA, conquistada pelo trabalho de muitos voluntários.
Quais das suas inúmeras realizações você acredita que garantiram seu reconhecimento pelo júri da entidade?
Quando nós assumimos a presidência da FBVA, em 2014, o mais importante era retomar a presença do Brasil nas assembleias gerais anuais da FIVA. E assim foi. Convidamos o então presidente da entidade, Patrick Rollet, a conhecer o encontro paulista, em Vinhedo, o encontro nacional, em Águas de Lindóia, acervos importantes e o concurso de elegância, em 2017. Depois veio seu sucessor, Tiddo Bresler, no Congresso Brasileiro de Antigomobilismo. Acho que isso começou a revelar a importância e a evidência do Brasil e a legislação existente aqui. Tudo isso fez com que a última década fosse de muitas transformações.
Houve alguma batalha perdida, algo por qual você lutou e não conquistou para o antigomobilismo nacional?
Eu não diria que houve batalhas perdidas. Assumimos grandes desafios, e graças ao engajamento de voluntários e diretores regionais conseguimos mostrar a capilaridade da federação e melhorar a interlocução da entidade, considerada até então distante dos clubes. Evidenciamos também o poder cultural e turístico do antigomobilismo.
Em 2021, a FBVA divulgou uma pesquisa encomenda pela FIVA que revelava que o mercado de antigomobilismo no Brasil movimentou R$ 32,6 bilhões em 2019. Uma nova pesquisa atualizando esses números já está em curso?
Creio que a cada dez anos seria importante atualizar esses números. Mas só o fato de já termos esse primeiro estudo mostrou uma grandeza da qual não tínhamos noção. Tínhamos um número muito conservador, mas a metodologia da FIVA foi importante para nos revelar o tamanho desse segmento no Brasil em relação a outros países, sobretudo os europeus.
Na sua opinião, o que pode mudar no mercado nacional de clássicos após a abertura do museu da Fundação Lia Maria Aguiar?
O importante desse museu é que no seu acervo consta a coleção do Og Pozzoli, reconhecida internacionalmente. Isso realmente faz com que tenhamos uma projeção mundial. Vale citar também a escola de formação de jovens para restauração, o que amplia a importância dessa iniciativa.
Visite
(Foto: divulgação)
BETC HAVAS CAFÉ – Fundada em Paris e no Brasil desde 2014, a BETC Havas é uma agência de publicidade premiada mundialmente. Há cerca de dois anos, se mudou para um prédio de quatro andares na Oscar Freire e aproveitou para integrar o espaço de trabalho a um café e uma livraria, esses abertos ao público no térreo. O projeto dos escritórios Galeria Arquitetos e Terra Capobianco é marcado pelo piso de pedras e a forte presença da madeira e vidro. Destaque para o acervo de livros e revistas assinado pela Prince Books, com títulos internacionais sobre moda, arte, decoração, design, arquitetura, fotografia e gastronomia a pronta entrega.
📍 R. Oscar Freire, 1128, Jardins.
(Foto: Roda)
PULSO HOTEL – Quarto membro da rede Preferred no Brasil – ao lado de Unique (SP), Yoo2 (RJ) e Fera Palace (BA) –, Pulso Hotel é um empreendimento de 52 quartos e cinco suítes, além de 66 residenciais. Sua configuração permite transitar pelos vários ambientes (como o spa da L’Occitane) sem nunca perder de vista sua estética sofisticada e a vista para a cidade. Profissionais renomados garantem status e sofisticação ao Pulso Hotel, como Arthur Casas assinando a arquitetura e os interiores, Gabriel Santana a carta de drinks e Guilherme Wisnik a curadoria cultural. É lá também que reside a segunda unidade do restaurante Charlô em São Paulo.
📍 Rua Henrique Monteiro, 154, Pinheiros.
(Foto: divulgação)
AL PACINO NO CCBB – Até 18 de agosto, a mostra Pacino exibirá 24 longas do ator norte-americano e também realizará um debate entre o curador Paulo Santos Lima e um convidado. Entre os filmes selecionados estão Perfume de Mulher, Fogo Contra Fogo, O Informante, Um Dia de Cão e a trilogia O Poderoso Chefão, entre outros.
📍 Rua Álvares Penteado, 112 – Centro Histórico.
Assista
(Foto: divulgação)
UM CHEF DIRIGINDO PELA EUROPA – Paul Hollywood é um renomado chef, mas se afastou da cozinha para a série Uma Grande Viagem pela Europa, onde mescla a cultura e o cenário de três países – Itália, Alemanha e França – aos seus principais feitos sobre rodas.
Leia
ROLEX FORA DA F1? – Dona da TAG Heuer, a LVMH poderia assumir o patrocínio principal da Fórmula 1 com um contrato de US$ 150 milhões, apontam rumores surgidos na última semana. As suspeitas surgem após Frédéric Arnault, CEO da LVMH Watches comprar a Swiza, dona da L´Epée 1839, relojoaria suíça fundada há 185 anos.
OS PLANOS DA AUTOMOBILI PININFARINA – Nome intimamente ligado ao design automotivo, com o estilo de modelos como Alfa Romeo 8C, Peugeot 404 e Ferrari Testarossa no currículo, a Carrozzeria Pininfarina virou Automobili Pininfarina GmbH, uma fabricante de elétricos de luxo baseada em Munique, na Alemanha. Depois da estreia com o hipercarro Battista, agora a empresa planeja expandir suas áreas de atuação.
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RESSURREIÇÃO - RS200 e Escort MK1 serão ressuscitados pela Boreham Motorworks, com a aprovação da Ford. Inclusive com continuação sequencial do número de chassi.
Sensacional!